Quebra Pedras

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domingo, 5 de fevereiro de 2017

MAPAS GEOLÓGICOS E ORIENTAÇÃO NO CAMPO

Escala

A escala do mapeamento é determinada a partir do problema geológico a ser tratado. Mapas geológicos de escalas muito grandes incluem, por exemplo, aqueles de fundações de prédios para avaliar os problemas potenciais de engenharia. Mapas de escala muito pequena, como aqueles de estados e províncias, normalmente são feitos a partir da junção e compilação de mapas de grande escala de áreas menores e mais detalhadas.
Os termos “pequena escala” e “grande escala” referem-se ao tamanho do mapa em relação ao terreno representado. Desse modo, um mapa com escala 1:10.000 tem escala maior que um mapa 1:50.000.

Tipos de mapas geológicos

Os mapas geológicos dividem-se em:
     Mapas de reconhecimento
     Mapas geológicos regionais
     Mapas de grande escala (detalhados)
     Mapas especiais

Os mapas de pequena escala que cobrem regiões muito grandes são compilados a partir de um ou mais desses grupos.

Os mapas de reconhecimento geológico são feitos para descobrir o máximo de informação de maneira rápida. Utiliza-se escala 1:250.000 ou menor. Alguns são feitos por sensoriamento remoto (imagens aéreas e de satélites, combinando com modelos digitais do terreno, usando satélites e radares), com  um mínimo de trabalho no terreno.

Os mapas geológicos regionais devem ser apoiados por fotogeologia sistemática. As escalas variam de :25.000 a 1:50.000, embora alguns sejam de até 1:100.000. No Brasil, por falta de levantamento topográfico adequado, os geólogos acabam tendo que fazer esse levantamento.

Os mapas geológicos detalhados são feitos para investigar problemas específicos que surgem durante o mapeamento em escalas menores: alvos de prospecção, investigação preliminar de uma represa ou outros projetos importantes de engenharia. Utiliza-se escala: em torno de 1:10.000.

Os mapas especiais são mapas de grande escala de pequenas áreas, para registrar detalhadamente características geológicas específicas: pesquisa, fns econômicos, plantas de minas a céu aberto, geoquímica, geofísica etc. As escalas variam de 1:10.000 a 1:500.
A maioria dos dados é mantida em bases de dados georreferenciados SIG, que podem ser sobrepostos em mapas geológicos para estudas sua relação espacial com a geologia física.

Mapas Topográficos

São indispensáveis para o mapeamento geológico. No Brasil, algumas cartas topográficas digitais estão disponíveis no site do IBGE:

Área Mínima Mapeável

Este conceito se refere ao tamanho mínimo que um polígono deve assumir numa determinada escala visando o aproveitamento do dado que ele representa. Em cartografia, define o tamanho da área que um determinado objeto deve conter para que seja representado num mapa ou carta geográfica. O olho humano é capaz de distinguir até 0,2 mm (Acuidade Visual) sem nenhum tipo de lente.

A depender da escala utilizada, o tamanho da Área Mapeável define o tamanho do erro aceitável num mapeamento.

Posições encontradas em mapa

Quando em campo, um geólogo deveria ser capaz de dar seu ponto de localilzação em um mapa com um erro de até 1 mm da sua posição correta, não importando a escala do mapa; em outras palavras, deve ser capaz de se localizar em até 10 m no solo, em uma escala de 1:10.000, e em até 25 m em uma folha de 1:25.000. Quando apenas mapas de qualidade inferior estiverem disponíveis, vários dias serão necessários para o geólogo levantar as posições de pontos úteis para utilizar no mapeamento geológico. Se usar um GPS, não somente a posição determinada será conhecida, mas também sua precisão.

A precisão de um GPS é variável, pois depende do número de satélites visíveis, de suas configurações e de quanto tempo você ficou conectado a eles. Nunca confie totalmente em seu GPS, pois nem sempre ele estará acessível. Um geólogo deve saber localizar-se no planeta Terra sem precisar de um GPS.

Lendo seu mapa

Mesmo que você esteja usando o GPS, consulte seu mapa a fim de monitorar continuamente sua posição. Isso poupará tempo valioso em campo, pois chegar a um local e ter de se localizar a partir do zero pode demorar muito. Leve seu mapa embaixo do braço, e não dentro da mochila, e inspecione-o em intervalos regulares através da capa de proteção transparente da sua prancheta de mapas.

Quando estiver navegando:

1.    Segure seu mapa na orientação correta, usando sua bússola se necessário (Figura 3.5)
2.    Procure por feições no solo e confira se elas constam no mapa.
3.    Antes de deixar um local, olhe ao redor para ver se há mais exposições e tenha em mente qual será sua próxima parada. Então, faça uma estimativa dessa localização no mapa. Isso lhe ajudará a poupar tempo quando chegar lá.



Medição com passos

Como geólogo, você deve saber o comprimento do seu passo. Com a prática, você será capaz de determinar distâncias com a medida de seus passos, com uma margem de erro menor que 3 m em cada 100 m, até mesmo em solos ligeiramente acidentados. Isso significa que, quando você usar um mapa de escala 1:10.000, será possível medir 300 m de uma área com seus passos e ainda ter 1 mm de precisão admissível e acima de meio quilômetro se usar um mapa 1:25.000. Entretanto, a medição com passos não é recomendada para longas distâncias, a não ser que seja essencial. Com um GPS, distâncias maiores que 500 m podem ser medidas com a precisão de mais ou menos 5 m.
Estabeleça o comprimento do passo explorando 200 m sobre um tipo de solo comum (e não em um solo plano e asfaltado, como o de uma rodovia). Meça a distância com seus passos duas vezes em cada direção contando os passos duplos, pois eles são menos prováveis de serem contados erroneamente quando medimos longas distâncias. Dê um passo natural constante e, sem contar, tente ajustar seu passo a um comprimento específico, como por exemplo, um metro. Olhe para frente para que você não ajuste inconscientemente seus últimos passos para obter sempre o mesmo resultado.



Faça uma tabela com os passos e as distâncias e faça cópias. Anexe uma cópia na parte de trás da sua caderneta e uma no seu estojo de mapas. Ao usar essa tabela, lembre-se de que você reduziu seu passo nas subidas e descidas. Por isso, cuidado para não superestimar, isso é uma questão de prática. Se grandes distâncias precisam ser medidas com passos, passe um seixo de uma mão para outra ou de um bolso para outro após cada 100 passo, assim você evita perder a conta.

Localização com medição de passos e orientação com bússola

A maneira mais simples de localizar-se em um mapa, se uma simples inspeção é suficiente, é permanecer em um ponto desconhecido e medir a orientação com a bússola de qualquer feição impressa no mapa, como uma casa, o canto de uma cerca de pedras ou uma junção de rodovias. Você deve plotar a orientação no mapa (Figura 3.6). Meça a distância com passos, contanto que ela permaneça dentro da precisão para a escala do mapa que você está usando; trace a orientação inversa da feição, converta a distância dos passos para metros (usando sua própria versão da tabela de passos) e meça a distância ao longo da orientação inversa com uma escala.



Se você está usando uma bússola prismática, a maneira mais rápida de plotar uma orientação é com o método de marcar o ponto (MOP). Isso levará alguns segundos. Observe a seguir:  

1.    1.    Coloque seu lápis no ponto do mapa onde a observação foi feita (Figura 3.7a).
2.    Usando o lápis como um pino de apoio, deslize seu transferidor ao longo do lápis até que a origem do transferidor encontre-se sobre a linha Norte-Sul do mapa mais próxima ao ponto; então, mantendo a origem do transferidor sobre a linha do mapa, deslize e gire seu transferidor em volt do lápis ainda mais, até que ele leia a orientação correta (Figura 3.7b).
3.    Desenhe a linha de direção que passa pelo ponto de observação ao longo da borda do transferidor (Figura 3.7c).

Quanto maior o transferidor, melhor; é recomendado um de 15 cm. Se necessário, desenhe linha de coordenadas extras, se aquelas desenhadas em seu mapa de campo estiverem muito afastadas. Algumas orientações, como as que se encontram entre 330º e 030º, são mais fáceis de plotar a partir das linhas leste-oeste.



Estações ou pontos transversais

O levantamento com estações ou pontos transversais é um método simples de plotar detalhes em um mapa. É muito útil quando um grande número de pontos deve ser plotado em uma área pequena. Meça uma orientação com a bússola a partir de uma posição conhecida (p. e., a casa na Figura 3.8) e direcione para qualquer ponto conveniente situado na direção geral das exposições (a árvore na mesma figura) que você queira localizar no seu mapa. Meça com passos ao longo dessa linha até que você esteja em frente à exposição lateral a ser examinada. Largue a mochila e, então, meça seus passos em direção à exposição em ângulo reto à sua orientação principal: essa linha é transversal. Plote a exposição. Retorne a sua mochila e prossiga com a medição de passos em direção à árvore até chegar em frente à próxima exposição. Esse método é bastante rápido, pois, uma vez que a direção dos caminhamentos transversais (ou “linha de estações” de um levantamento comum) está determinada, não há necessidade de usar sua bússola novamente; desde que as transversais sejam pequenas, você deve ser capaz de calcular o ângulo reto da linha transversal a partir da linha principal para comprimentos pequenos, porém verifique com a bússola linhas transversais mais longas.



Uma variação desse método pode ser usada em mapas que tenham cercas ou muros. Use a cerca como a sua linha de estações. Conte com passos a partir do canto do muro ou cerca e obtenha a transversal a partir dessa linha. Se a cerca for longa, tire uma orientação ocasional com a bússola para um ponto distante e plote a orientação no sentido oposto. Ela deve passar pelo muro onde você está..

Dica: Faça pleno uso de cercas e muros impressos nos mapas para se localizar. Uma intersecção de cercas e feições do gênero fornece pontos conhecidos. Também compare as informações de seu GPS com as feições no mapa.


Intesecção de orientações e feições linerares

Sua posição em qualquer elemento alongado mostrado em um mapa, como uma rodovia, uma trilha, uma cerca ou um rio, pode ser encontrada obtendo uma orientação com uma bússola de qualquer feição que possa ser identificada no mapa. Plote a orientação inversa a partir dessa feição (pontos A, B e C na Figura 3.8) para intersectar a trajetória de um rio e assim por diante, e essa será a sua posição. Quando for possível, verifique com uma segunda orientação de outro ponto. Escola seus pontos para que as orientações inversas cortem a cerca ou outro elemento linear em um ângulo entre 60º e 90º para melhores resultados (Figura 3.9).



Ressecção com a bússola: intersecção de três orientações inversas

A ressecção com a bússola é feita onde o solo é muito acidentado, muito íngreme, muito pantanoso ou quando as distâncias são muito longas para serem medidas com passos. As orientações com a bússola são feitas no ponto desconhecido para três feições facilmente reconhecíveis no mapa, escolhidas para que suas orientações inversas se intersectem em ângulos entre 60º e 90º. As intersecções ideais, infelizmente, raramente são possíveis, porém deve-se sempre tentar aproximar-se delas (Figura 3.10). As feições nas quais os orientações são feitas incluem cantos de muros e cercas, casas de fazendas, currais de ovelhas, intersecções de trilhas e rios, estação de triangulação ou até mesmo uma pilha de pedras que você tenha construído em um ponto proeminente para esse propósito.

Geralmente, as orientações não se intersectam, mas forma um triângulo de erro. Se o triângulo tem menos de 1 mm transversalmente, pegue o centro como a posição correta. Caso seja maior, verifique suas orientações e sua plotagem. Se ainda existe um triângulo, aviste, se conseguir, um quanto ponto. Se o erro persistir, é possível que você tenha coloca do a correção errada para declinação magnética em sua bússola, talvez você esteja em uma rocha com magnetita, como um serpentinito, esteja muito próximo de um portão de ferro ou de uma torre de alta tensão elétrica; você ainda pode ter lido sua bússola usando um bracelete magnético anti-reumatismo ou estar com seu martelo pendurado no cinto. Na pior das hipóteses, sua bússola pode não estar apta para o trabalho. Quando estiver plotando, não desenhe linhas de orientação desde o distante ponto de observação, mas somente longas o suficiente para cruzar sua posição. Não registre as linhas, somente desenhe-as levemente e, quando seu ponto estiver estabelecido, apague-as.







Texto extraído de: LISLE, R. e outros. Mapeamento geológico básico: guia geológico de campo. Porto Alegre : Bookman, 2014.

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