Quebra Pedras

BLOG DEDICADO A ALUNOS DE GEOLOGIA

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

COMO ELABORAR RELATÓRIOS DE CAMPO

Um trabalho de campo só tem valor pedagógico e acadêmico quando sucedido pela elaboração de relatório. Um bom relatório deve ser objetivo, informativo e apresentável. O estudante deve ter sempre em mente que relatórios são parte fundamental do processo de conhecimento científico e refletem a capacidade de quem os redige.

Professor Márcio José dos Santos

Relatório de Trabalho de Campo é descritivo, isto é, o relator deverá descrever as suas observações, registrando também informações importantes do trajeto, do acesso e do local investigado. Para facilitar a visualização e/ou identificação do terreno, é importante apresentar mapas, fotos e/ou croquis.

Relatórios sempre devem ser escritos de forma impessoal, no tempo verbal passado e indicar com clareza todo o desenvolvimento do trabalho. Especificamente para trabalhos de campo, os componentes mínimos de um relatório estão descritos abaixo.

Capa: apresenta o logotipo e nome da instituição, título do relatório, local em que foi elaborado e data da elaboração. 

Folha de rosto: apresenta as mesmas informações trazidas na capa, acrescidas do nome do responsável, além de outras informações, como nome da equipe e data da realização do trabalho.

Introdução: É uma referência à disposição que motivou ou determinou a elaboração e apresenta breve histórico do objetivo ou objetivos a serem alcançados no trabalho de campo.

Roteiro: breve descrição do roteiro, preferencialmente acompanhada de um mapa geográfico com indicação dos pontos visitados.

Desenvolvimento ou descrição dos pontos de observação: é a parte principal do relatório, por isto, ela deve ser bem detalhada. No caso de observações geológicas, as medições, croquis e fotos ilustrativos das observações podem enriquecer o relatório. O relator pode optar pela apresentação das ilustrações em item específico, mas isto dificulta a clareza e objetividade das descrições. A exposição do conteúdo deve ser lógica, partindo das observações abrangentes para as particularidades:

Tabelas, quadros, figuras e imagens constantes de um relatório devem ser numerados.

Conclusão / Considerações: conclusão ou conclusões a que se chegou, tendo em conta o objetivo ou objetivos propostos para o trabalho. Podem ou não ser acompanhadas de sugestões e/ou críticas, sempre precisas, práticas e concretas, relacionadas com a análise feita. Ao final do relatório deve-se indicar o local e a data de conclusão, seguidos pela assinatura do responsável (ou responsáveis).

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Como Elaborar Trabalhos Acadêmicos

Para se publicar um texto técnico-científico, é necessário que sejam seguidas certas normas técnicas. No Brasil, essas normas são estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Toda produção escrita relacionada com o curso superior, fruto de pesquisa ou reflexão, recebe a denominação geral de trabalho científico ou trabalho acadêmico. São exemplos de trabalhos acadêmicos: dissertações de mestrado, teses de doutorado, livros, artigos de periódicos, ensaios, resenhas, relatórios, resumos, etc. Nas diversas publicações que tratam da editoração de trabalhos acadêmicos, ou mesmo nas normas da ABNT, não há qualquer referência explícita à elaboração de trabalhos de alunos de graduação e de pós-graduação. É preciso considerar, no entanto, que é no curso superior que os alunos começam a despertar o interesse pela publicação dos mais variados tipos de trabalhos acadêmicos. É necessário, portanto, que os trabalhos escolares, desde os primeiros anos do curso superior, sejam elaborados de acordo com as normas vigentes, a fim de que o aluno possa ir dominando aos poucos essa técnica de editoração, tão importante no meio acadêmico.

Como não há uma denominação consagrada para os trabalhos de alunos que são feitos durante o curso de graduação e pós-graduação, daremos a eles o nome de trabalhos acadêmicos stricto sensu, ou simplesmente, Trabalhos Acadêmicos (TA’s).

O presente trabalho tem como objetivo:
a)      Apresentar as características gerais de um TA;
b)      Facilitar a vida acadêmica dos alunos de graduação e de pós-graduação, oferecendo-lhes um guia prático e objetivo de consulta para a elaboração de TA’s.
c)      Iniciar o aluno de curso superior nas técnicas de elaboração de TA’s, o que, sem dúvida facilitará e incentivará as suas atividades de pesquisa.

Para a consecução desses objetivos, baseamo-nos em bibliografia especializada (indicada no final deste trabalho) e especialmente nas normas da ABNT. (...) Para não nos perdermos em minúcias, estamos nos baseando principalmente na NBR 6023, publicada em agosto de 2000 pela ABNT, cuja referência bibliográfica completa se encontra no final deste trabalho (ABNT, 2000).

TA’s: CARACTERÍSITCAS GERAIS

Um TA é um trabalho que apresenta um tema bem delimitado e um objetivo definido. Não deve ser apenas a compilação de posições a respeito de um assunto, mas a descrição de um tema ou de um fenômeno determinado ou ainda a tentativa de solução de um problema específico.
Um TA deve apresentar as seguintes partes: folha de rosto (cf. item 3.14), texto (corpo do trabalho) e referências bibliográficas (cf. item 6).

O texto do TA deve apresentar, explicitamente ou não, uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão.

A introdução deve ser clara, breve e direta, contendo principalmente a justificativa (o que leva o aluno a fazer o trabalho?) e o objetivo (o que pretende o aluno demonstrar no trabalho?). Toda introdução deve apresentar, ainda que implicitamente, uma proposta, uma pergunta, uma dúvida ou uma hipótese.
O desenvolvimento pode ser dividido em partes, como: metodologia aplicada, conceitos teóricos indispensáveis à compreensão do trabalho, exposição, análise e interpretação dos dados, conclusões parciais, etc.

A conclusão é uma retomada do objetivo exposto na introdução. O aluno poderá recolocar, de maneira sucinta, as conclusões parciais do desenvolvimento e apresentar uma conclusão final do trabalho.

O TA deve ser escrito em linguagem técnica, neutra, concisa, devendo-se evitar palavras, expressões e frases coloquiais (características da linguagem oral, como bem, então), subjetivas (eu acho, na minha opinião) e/ou intensificadoras (muito, expressamente). Como norma, deve-se sempre preferir os termos técnicos aos não-técnicos. Também como norma, deve-se cortar tudo o que for dispensável, podando-se o texto de termos e expressões inúteis.

Na elaboração do TA usa-se o português padrão, ou culto, devendo o aluno  tomar cuidado com todo tipo de erro, desde os mais simples (ortografia, por exemplo), até os mais complexos (estruturação do período, concordância, coesão, coerência, etc.) Entendemos por língua padrão aquela que é usada nos termos técnicos, científicos e informativos e que estão configurados nos livros, artigos, trabalhos e documentos técnico-científicos, na chamada redação oficial (ofícios, cartas, memorandos, relatórios, requerimentos, abaixo-assinados, leis, decretos, etc.), na redação comercial, nos manuais de instrução, nos impressos informativos e congêneres. Trata-se, enfim, de textos que façam uso, primordialmente, da linguagem denotativa, representativa e informativa, sem intuitos ambiguizadores, irônicos, pejorativos, artísticos ou provocativos, como é a linguagem literária, por exemplo.

A clareza e objetividade são itens essenciais nos TA’s. Recomenda-se aos alunos que usem frases curtas, tomando um cuidado especial com a pontuação (na dúvida, pontue). Os TA’s, por serem textos de menor porte, não devem apresentar notas de rodapé, notas no fim do trabalho, epígrafes, índice, sumário e resumo. Para esclarecimentos sobre esses itens, o leitor deve consultar uma bibliografia especializada, como FRANÇA et al. (1998).

Todo TA (bem como todo artigo, tese, livro etc.), como dissemos anteriormente, deve seguir as normas da ABNT. Para que isso seja possível, o TA deve ser digitado em computador. Assim, o aluno aprenderá a usar as normas técnicas e o professor poderá corrigir os trabalhos adequadamente. Mesmo que em alguns cursos de graduação e de pós-graduação não haja uma disciplina que trate especificamente desse assunto, é necessário que os alunos e os professores se conscientizem da necessidade de se redigirem os TA’s de acordo com as normas vigentes.

Grande parte dos alunos de graduação, e mesmo de pós-graduação, tem dificuldade com as referências de autoria que devem aparecer no corpo do trabalho e depois descritas no item Referências ou em Notas de Pé de Página. Para não se perder nesta questão, consulte as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, clicando AQUI. Este documento apresenta modelos padronizados de fácil aplicação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Rio de Janeiro. Informação e documentação: referências – elaboração: 6023: 2000. Rio de Janeiro, 2000.

FRANÇA, Júnia Lessa et al. Manual para normalização de publicações técnico-científicas. 4. ed. rev. e aum. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.




sexta-feira, 20 de abril de 2018

METEORITO TEM DIAMANTES DE PLANETA "PERDIDO"

Redação do Site Inovação Tecnológica -  

Meteorito tem diamantes de
Micrografias dos nanodiamantes encontrados no interior do meteorito 2008 TC3.[Imagem: Farhang Nabiei et al - 10.1038/s41467-018-03808-6]
Diamantes do espaço
Pesquisadores suíços acreditam ter encontrado o primeiro indício para validar a mais antiga teoria sobre a formação da Lua.
Ao estudar um meteorito que caiu no Sudão em 2008, Farhang Nabiei e seus colegas encontraram minúsculos diamantes que só podem ter sido formados nas enormes pressões encontradas nos núcleos dos planetas - o impacto do meteorito não seria capaz de gerar os microdiamantes encontrados.
Isso indica que o meteorito pode ser remanescente de um antigo planeta que foi destruído por colisões nas primeiras eras do Sistema Solar.
O meteorito contém minúsculos diamantes - cerca de 100 micrômetros cada um - encapsulados dentro de minerais ricos em elementos como o cromo e o fósforo. Os cálculos indicam que o asteroide 2008 TC3 tinha cerca de quatro metros de diâmetro, explodindo quando entrou na atmosfera terrestre. Cerca de cinquenta fragmentos, entre um e 10 centímetros, chegaram ao solo do deserto do Sudão, perfazendo cerca de 4,5 kg.
Planeta perdido
Os astrofísicos chamam de Teia (ou Theia) o protoplaneta que teria se chocado com a nascente Terra para formar a Lua, mas existem várias hipóteses que falam de uma população muito maior de planetas no início do Sistema Solar, cujos choques poderiam ajudar a explicar as posições dos planetas atuais, com os gigantes gasosos muito distantes do Sol.
Pelas pressões necessárias para formar os diamantes encontrados no meteorito - mais de 20 gigapascals -, a equipe calcula que esse planeta destruído deveria ter a massa de Mercúrio ou mesmo de Marte.
O meteorito pertence a uma classe conhecida como ureilitos, bastante raros, sendo responsáveis por menos de 1% de todos os meteoritos que chegam à superfície da Terra. Embora se baseiem na análise de apenas uma amostra, a equipe do Instituto Politécnico Federal de Lausanne já defende a generalização de que todos os meteoritos ureilitos sejam oriundos do núcleo do mesmo protoplaneta.
"Este estudo fornece evidências convincentes de que o corpo originário da ureilita era um desses grandes planetas 'perdidos' antes de ser destruído por colisões há 4,5 bilhões de anos," escreveram eles.

Bibliografia:

A large planetary body inferred from diamond inclusions in a ureilite meteorite
Farhang Nabiei, James Badro, Teresa Dennenwaldt, Emad Oveisi, Marco Cantoni, Cécile Hébert, Ahmed El Goresy, Jean-Alix Barrat, Philippe Gillet
Nature Communications
Vol.: 9, Article number: 1327
DOI: 10.1038/s41467-018-03808-6