As seções geológicas são
ferramentas fundamentais para se descrever as estruturas geológicas de uma
determinada região. Podem também ser utilizadas como base de informações,
quando se está estudando a história tectônica, os recursos potenciais de uma
região ou até mesmo no estudo e na exploração de depósitos minerais e de
petróleo.. As seções geológicas são úteis para geólogos, engenheiros de minas,
engenheiros ambientais etc.,
As seções geológicas nos fornecem
a visualização daquilo que existe abaixo da superfície da Terra, a partir de
mapas geológicos. Se esses mapas vierem acompanhados da planialtimetria (curvas
de nível) e boa quantidade e qualidade
de dados geológicos e topográficos, a seção geológica poderá representar de
maneira precisa a realidade da área, desde que os mapas sejam corretamente
interpretados.
Regras para a elaboração da seção geológica
A secção geológica em um mapa é a
representação das informações através de um plano vertical. Ao elaborá-la, siga
as seguintes regras:
1. Localize-a
o mais perpendicular possível à direção das camadas.
2. Ela
deve cortar o maior número de camadas ou estruturas geológicas existentes.
3. Na
escala vertical são colocadas as diferentes elevações possíveis; sempre utilize
cotas cheias e a intervalos regulares.
4. Identifique
as escalas vertical e horizontal adotadas.
5. As
litologias presentes em uma seção devem estar representadas pelas suas
respectivas simbologias; utilize a mesma simbologia adotada no mapa geológico
em que se insere a seção.
1
Observe que na construção da
secção a representação dos dados geológicos (contatos, litologias) não foi até
a base da seção; isto deve ser feito para evidenciar que a precisão da seção
geológica diminui em profundidade.)
6. A
simbologia deve acompanhar a estrutura geológica interpretada.
7. As
interpretações geológicas também devem ser feitas, sempre que possível, acima
da linha do perfil topográfico.
8. Os
diversos tipos de contatos geológicos, falhamentos, entre outros, devem ser representados na secção tal como estão
definidos no mapa.
O mergulho de camada em uma seção geológica
O mergulho de uma camada é o
ângulo de máxima declividade da mesma, medido em um plano vertical perpendicular
à sua direção.
Direção e mergulho de camada |
Quando inserimos essa informação
em um mapa geológico, devemos lembrar que este ângulo de mergulho é denominado
de verdadeiro (mergulho obtido com a
bússola de geólogo).
Se a secção geológica apresentada
for perpendicular à direção das camadas, os mergulhos podem ser utilizados nesta
secção tal como aparecem no mapa. Quando a secção não for perpendicular à
direção das camadas, o ângulo de mergulho a ser usado nessa secção será sempre
menor que o verdadeiro e é denominado de mergulho aparente.
O valor do ângulo de mergulho aparente é sempre menor que o do mergulho
verdadeiro, porque o mergulho verdadeiro representa o ângulo entre a reta
de maior declive do plano de mergulho e o plano horizontal. Portanto, o ângulo
de mergulho verdadeiro é observado numa seção perpendicular à direção de
camada, isto é, onde o mergulho é máximo. Por outro lado, quanto mais a seção
se aproximar da direção de camada, menor será o ângulo de mergulho observado, e
ele atingirá o valor 0º (zero grau) se a seção estiver paralela à direção de
camada. Isto significa que, mesmo que a camada seja inclinada, ela aparecerá
horizontal se a seção geológica for paralela à direção de camada.
A aplicação mais importante de
determinação do ângulo de mergulho aparente será na construção de seções
verticais geológicas. Paredes de túneis (geologia de engenharia, engenharia de
minas, engenharia civil), bancadas de mineração a céu aberto e pedreiras (geológica
econômica, engenharia de minas, engenharia civil), paredes de escarpas, canyons e vales profundos (mapeamento
geológico), são alguns exemplos de seções verticais onde se pode observar tipos
litológicos e feições estruturais. Essas seções verticais, e mesmo aquelas de
mapas geológicos, nem sempre se dispõem perpendicularmente às direções dos
planos estruturais (contatos, camadas etc.) Assim, o ângulo de mergulho do
traço destes planos vistos nessas seções é aparente.
Quanto menor for o ângulo entre a
seção e a direção de um plano estrutural, menor será seu ângulo de mergulho
aparente e maior será a diferença entre os valores de mergulho verdadeiro e
aparente. Por outro lado, quanto maior for o ângulo entre a seção e a direção,
maior será o valor do ângulo de mergulho aparente e menor será a diferença
entre os mergulhos verdadeiro e aparente.
1.
Na parte superior do mapa geológico, a secção é
perpendicular à direção das camadas, conseqüentemente, o mergulho a ser
representado na secção será igual a 50°, ou seja, não necessita correção.
2.
Na parte inferior do mapa geológico, a secção
não é perpendicular à direção das camadas, portanto, o mergulho a ser utilizado
na secção será menor (mergulho aparente).
Cálculo do mergulho aparente
Um dos procedimentos mais fáceis
para encontrar ângulos de mergulho aparente é através da tabela de alinhamento (figura
abaixo).
A tabela de alinhamento é constituída por três colunas graduadas,
representando valores de 0º a 90º para ângulos entre a direção do mergulho
aparente e a direção do plano em consideração, ângulos de mergulho verdadeiro e
ângulos de mergulho aparente.
Tabela de alinhamento (Loczy e Ladeira, 1976) |
Assim:
1.
Marque os valores dos ângulos obtidos nos locais
apropriados.
2.
Una os pontos por uma linha reta.
3.
Leia o valor do ângulo na interseção da reta com
a coluna de mergulho aparente (geralmente é a do meio).
Para facilitar a correção do
valor do ângulo de mergulho verdadeiro em mergulho aparente (a ser usado na
secção), podemos também utilizar o normograma
para cálculo de mergulhos aparentes.
Normograma para obtenção de ângulo de mergulho aparente |
Utilizando o normograma (Loczy e
Ladeira, 1976) para obtenção de ângulo de mergulho aparente: uma por uma linha
reta os pontos representando o ângulo entre a direção do mergulho aparente e a
direção de camada e o ângulo de mergulho verdadeiro. O ângulo de mergulho
aparente é lido no ponto em que a reta intercepta a coluna de ângulo de
mergulho aparente.
Veja o seguinte exemplo:
Considere uma sucessão sedimentar
constituída por intercalações de carvão e pelitos, cuja atitude é 0º/20ºE. Qual
será o ângulo de mergulho aparente das camadas quando aflorarem numa escarpa
vertical orientada N45ºW?
Pelo exposto, tem-se os seguintes
dados: ângulo de mergulho verdadeiro = 20º; ângulo entre a direção do mergulho
aparente (direção da escarpa vertical) e a direção da camada de carvão = 45º.
Utilizando a tabela de
alinhamento, a reta que une os valores angulares citados intercepta a coluna de
mergulho aparente em 14º, aproximadamente. Assim, a camada de carvão (bem como
toda a sucessão sedimentar) apresentará um ângulo de mergulho aparente de 14º
na escarpa vertical.
Diagrama para correção de ângulos
de mergulho versus escala vertical
Embora o padrão corrente em
seções geológicas estruturais seja a escala vertical ser igual à escala
horizontal, ou seja, a mesma do mapa geológico, muitas vezes há de se querer
ampliar a escala vertical (p.e., mostrar detalhes da topografia e/ou camadas
muito delgadas). Exceto para camadas horizontais, o aumento da escala vertical faz com que ocorra um acréscimo no valor dos
ângulos do declive topográfico e de mergulho. Para se determinar os ângulos
a serem usados na seção geológica, utiliza-se o transferidor de mergulhos
proporcionais.
O princípio de construção está
disponível em Loczy e Ladeira, páginas 477-478.
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