Em Geociências, contornos estruturais
- como o nome sugere - são curvas que ligam pontos de igual altura acima de um
nível dado, que estão contidos dentro de uma estrutura (camada, discordância,
dobra, falha...).
Contornos estruturais e contornos
topográficos (curvas de nível) são semelhantes, no sentido de que eles são
curvas que unem pontos de igual altura acima de um nível de referência.
O diagrama de blocos abaixo
ilustra os contornos estruturais de uma superfície perfeitamente plana (azul).
Note-se que os contornos estruturais são: (i) as linhas retas, (ii) paralelas
uma à outra e (iii) igualmente espaçados. Estas três características são as
características fundamentais dos contornos estruturais de uma estrutura planar,
Figura 1 - Contornos estruturais de camada tabular. |
Estruturas geológicas nem sempre são planas. Uma família muito
comum de estruturas são as dobras. O diagrama a seguir mostra uma camada
dobrada e seus contornos estruturais.
Figura 2 - Contornos estruturais de camada dobrada. |
Os contornos estruturais exibem
características que são muito diferentes em comparação com o diagrama de uma
camada planar. Nota-se que os contornos
estruturais são paralelos entre si (embora esta seja uma exceção e não uma
regra para as camadas dobradas!), que é típico de dobras cilíndricas sem
caimento.
Outra característica dos
contornos estruturais é que (i) o seu espaçamento varia e (ii) as suas
altitudes variam progressivamente em ordem descendente a ascendente ou
vice-versa. Esta mudança sistemática para
cima e para baixo nas elevações dos contornos estruturais é a principal característica
das camadas dobradas.
Depois de definir os contornos
topográfico e estrutural, podemos agora cruzar estes dois contornos de modo a
obter o mapa geológico.
Nos esquemas abaixo são mostrados
a secção transversal (isto é, um corte vertical) ao longo da linha A - B e um
gráfico que ilustra a inclinação da superfície de uma ilha.
Figura 3 - Mapa e perfil topográfico de uma ilha |
A ilha é composta por duas
formações (calcário e arenito), que estão mergulhando 40 graus em direção ao
oeste (a direção de camada é NS). Usando a construção mostrada na Figura 4 (os
contornos estruturais estão marcados com linhas vermelhas), podemos obter o mapa de contorno estrutural.
Figura 4 - Seção transversal da ilha, mostrando o contato entre o arenito e o calcário. |
Projetando-se, no mapa
topográfico, os contatos entre o arenito e o calcário, obtém-se o mapa geológico, como é visto na figura abaixo.
Figura 5 - Mapa geológico, obtido a partir do mapa de contorno estrutural. |
Relação entre a atitude
de camada e topografia: a Regra dos “V”.
A forma como uma camada aparece
em um mapa geológico pode variar, dependendo do modelado da superfície e da
forma e atitude da camada.
No caso de uma camada tabular e
de uma superfície plana, a camada aparecerá de forma também tabular, com
limites retos, variando, apenas, sua espessura de afloramento em função,
unicamente, da intensidade do seu mergulho.
No caso de uma superfície
irregular, podem-se ter as situações mais variadas possíveis.
Ao se imaginar o modelado de um
curso d’água atravessando uma planície, formar-se-á um vale com um gradiente de
inclinação para jusante do riacho. Variando-se a atitude de uma camada tabular
desde a verticalidade até a horizontalidade, a representação cartográfica desta
camada em relação às curvas de nível é denominada, comumente, de regra dos V e pode ter os seguintes
aspectos:
a) Para
camadas verticais os seus contatos (topo e base) serão, independentemente do
relevo, linhas retas que cortam as curvas de nível. A espessura de afloramento
será igual à espessura verdadeira da camada (Figura 6).
Figura 6 |
b) Se
a camada é horizontal, seus contatos serão paralelos às curvas de nível. A
espessura de afloramento vai depender da espessura da camada, do gradiente do
curso d’água e das encostas do vale (Figura 7).
Figura 7 |
c) Se
a camada mergulha no sentido da montante do curso d’água, seus contatos
descreverão uma linha curva cuja convexidade apontará para o sentido do
mergulho da camada (Figura 8).
Figura 8 |
d) Se
a camada mergulha para jusante do riacho, podem-se ter duas situações:
– se a camada possui
ângulo de mergulho mais forte que o gradiente fluvial, seus contatos
descreverão uma linha curva cuja convexidade apontará no sentido do mergulho da
camada (Figura 9).
Figura 9 |
– se a camada
possui ângulo de mergulho mais suave que o gradiente do curso d’água, seus
contatos descreverão uma linha curva cuja convexidade apontará em sentido contrário
ao mergulho da camada (Figura 10).
Figura 10 |
Este material foi extraído de:
Fault Analysis Grooup – School of
Geological Sciences at University College of Dublin (http://www.fault-analysis-group.ucd.ie/)
MARANHÃO, Carlos Marcelo Lôbo.
Introdução à interpretação de mapas geológicos. Fortaleza : Universidade
Federal do Ceará, 1995.
MATTA, Milton. Geologia
Estrutural – Prática. Universidade Federal do Pará.
Nenhum comentário:
Postar um comentário