Apresentamos dois textos que explanam nossa aula sobre falhas e rochas de falhas.
Texto 1: Extraído de FOSSEN, Haakon. Geologia Estrutural. Trad. Fábio R. D. de Andrade. Capítulo 8 – Falhas. São Paulo : Oficina de Textos, 2012.
As falhas afetam as camadas de rochas e introduzem
"defeitos" no arcabouço estratigráfico primário. Elas são estruturas
geológicas extremamente intrigantes e fascinantes para os que trabalham com
Geologia Estrutural, ainda que em alguns casos possam frustrar estratígrafos e
mineradores por dificultarem o mapeamento geológico e a interpretação de dados
sísmicos. Hoje sabemos mais sobre as falhas do que há poucas décadas, em razão
principalmente dos avanços da indústria do petróleo. Elas também representam
desafios para a disposição de resíduos e para a construção de túneis. As falhas
ativas têm uma relação próxima com terremotos e desastres sísmicos. Neste
capítulo, abordaremos a geometria, a anatomia e a evolução de falhas e de
conjuntos de falhas, com exemplos e aplicações relevantes para a indústria do
petróleo.
8.1 Terminologia de falhas
Enquanto as fraturas e outras descontinuidades abordadas
nos capítulos anteriores são estruturas relativamente simples, as falhas são
muito mais complexas e podem acomodar grande quantidade de deformação na crosta
superior. O termo falha é usado de diferentes modos, dependendo do contexto. Uma
definição simples e tradicional seria:
UMA FALHA É QUALQUER SUPERFÍCIE OU FAIXA ESTREITA ONDE É VISÍVEL
UM DESLOCAMENTO CAUSADO POR CISALHAMENTO.
Esta definição é praticamente idêntica à de fratura de
cisalhamento, e alguns geólogos usam os dois termos como sinônimos. Alguns
geólogos referem-se às fraturas de cisalhamento com rejeitos milimétricos ou
centimétricos como microfalhas. Entretanto, há uma tendência para
restringir-se o uso do termo fratura de cisalhamento às estruturas de pequeno
porte e de aplicar-se o termo falha às estruturas mais bem desenvolvidas, com
rejeitos da ordem de 1 m ou mais.
A espessura de uma falha é outro aspecto relevante. As
falhas são, em geral, expressas como planos ou superfícies, tanto na linguagem
oral como na escrita, mas um exame minucioso revela que elas formam uma faixa
com uma espessura mensurável e com estruturas rúpteis subsidiárias. A espessura
é, em geral, muito menor que o rejeito, e muitas ordens de grandeza menor que o
comprimento da falha. Uma falha pode ser considerada como uma superfície ou
como uma faixa, dependendo da escala de observação, dos objetivos e do grau de
precisão necessário.
As falhas tendem a formar zonas complexas de deformação,
com múltiplos planos de cisalhamento, fraturas subsidiárias e, em alguns
casos, bandas de deformação. Isso é particularmente visível quando
consideramos grandes falhas, com rejeitas de porte quilométrico. Elas podem
ser consideradas falhas simples em um mapa ou em um perfil sísmico, mas
poderão ser descritas em campo como um conjunto de planos de falha. Em outras
palavras, a dependência da escala é fundamental para o geólogo estruturalista.
Isso levou a maioria dos geólogos a considerar as falhas como um volume de
rochas deformadas de modo rúptil, volume este que é relativamente delgado em
uma direção:
UMA FALHA É UM VOLUME TABULAR DE ROCHA COM UMA SUPERFÍCIE
CENTRAL OU NÚCLEO DE CISALHAMENTO, ONDE O CISALHAMENTO É MAIS INTENSO, ENVOLTO
POR UM VOLUME AFETADO EM MENOR GRAU POR UMA DEFORMAÇÃO RÚPTIL, QUE TEM RELAÇÃO
ESPACIAL E GENÉTICA COM A FALHA.
O termo falha pode ainda ser aplicado a mecanismos de
deformação (rúptil ou plástica). De modo informal, esse termo cobre tanto as
descontinuidades rúpteis como as zonas de cisalhamento dúctil, dominadas pela
deformação plástica. Isso está implícito quando discutimos grandes falhas que
atravessam grandes porções da crosta em perfis sísmicos ou geológicos. O termo
falha rúptil (em oposição à zona de cisalhamento rúptil) pode ser usado em
casos em que é importante indicar o mecanismo de deformação. Na maioria dos
casos, os geólogos implicitamente restringem o termo falha a deslizamentos ou
descontinuidades causados por cisalhamento dominado por mecanismos de
deformação rúptil, o que faz com que o termo falha rúptil seja algo redundante:
UMA FALHA É UMA DESCONTINUIDADE COM DESLOCAMENTO PARALELO
ÀS SUAS PAREDES E DOMINADA POR MECANISMOS DE DEFORMAÇÃO RÚPTIL.
As descontinuidades, nesse contexto, referem-se
principalmente às camadas de rochas, ou seja, as falhas cortam as camadas de
rochas, que se tornam descontínuas. Entretanto, as falhas também representam
descontinuidades mecânicas e de deslocamento. A Fig. 8.1 ilustra como o campo
de deslocamento varia rapidamente através das falhas, tanto em mapa como em perfil. Uma definição
cinemática, particularmente útil para trabalhos experimentais e monitoramento
de falhas ativas por GPS, pode ser acrescentada:
UMA FALHA É UMA DESCONTINUIDADE NA VELOCIDADE OU NO CAMPO
DE DESLOCAMENTO ASSOCIADOS À DEFORMAÇÃO.
Como mencionado no capítulo anterior, as falhas são
diferentes das fraturas de cisalhamento, porque uma simples fratura de
cisalhamento não pode expandir-se ao longo do seu próprio plano para tornar-se
uma grande estrutura. As falhas, por sua vez, podem crescer pela criação de uma
complexa zona de processos, com numerosas pequenas fraturas, sendo que algumas
delas se conectam para formar as superfícies de deslocamento, enquanto que
outras são abandonadas.
8.1.1 Geometria das falhas
As falhas não verticais separam o bloco superior,
denominado capa ou teto, do bloco
inferior, chamado lapa ou muro (Fig.
8.2). Quando a capa é rebaixada em relação à lapa, há uma falha normal. No caso oposto, onde a capa é soerguida em relação à
lapa, há uma falha reversa. Se o
movimento for lateral, ou seja, no sentido do plano horizontal, temos uma falha transcorrente. As falhas
transcorrentes podem ter rejeito sinistral (lateral esquerdo) ou destral
(lateral direito) (do latim sinister
= esquerda, dexter = direita).
Observa-se uma ampla gama de ângulos de mergulho dos planos
de falhas, desde verticais até horizontais, mas alguns deles são mais comuns:
as falhas transcorrentes têm ângulo de mergulho alto, e as falhas reversas
possuem, tipicamente, ângulo de mergulho menor que o das falhas normais. Se o
ângulo de mergulho for menor que 30°, a falha é denominada falha de baixo ângulo, ao passo que as falhas de alto ângulo têm mergulho maior que 60°. As falhas
reversas de baixo ângulo são denominadas falhas
de cavalgamento, especialmente se o movimento dos blocos for da ordem de
dezenas ou centenas de quilômetros.
Uma falha que se horizontaliza com o aumento da
profundidade é uma falha lístrica
(Fig. 8.3), enquanto as falhas cujo ângulo de mergulho aumenta com a
profundidade são, por vezes, denominadas antilístricas. Os termos rampa e patamar, originalmente ligados à terminologia das falhas de
cavalgamento, são usados para descrever a alternância de porções inclinadas e
sub-horizontais em qualquer plano de falha. Por exemplo, uma falha que varia de
inclinada para horizontal e novamente para inclinada tem uma geometria rampa-patamar-rampa.
As irregularidades são particularmente comuns em seções
perpendiculares à direção de deslocamento da falha. Nas falhas normais e reversas,
isso significa traços de falha curvos quando vistos em mapas, como nas falhas
em campos de petróleo extensionais (Fig. 8.4). As irregularidades nessa seção
não causam conflito durante o deslizamento dos blocos, contanto que os eixos
das irregularidades coincidam com o vetor de deslizamento. Quando as irregularidades
também ocorrem na direção de deslocamento, pode haver deformação na capa e/ou
na lapa. Por exemplo, uma falha normal lístrica cria tipicamente estruturas
antiformes (rollover) na capa.
UMA FALHA PODE TER QUALQUER FORMA PERPENDICULAR À DIREÇÃO
DE DESLIZAMENTO, MAS FORMAS NÃO LINEARES NA DIREÇÃO DE DESLIZAMENTO GERAM
PROBLEMAS DE ESPAÇO E DEFORMAÇÃO DA CAPA E/OU LAPA.
O termo zona de
falha refere-se tradicionalmente a uma série de falhas ou superfícies de
deslizamento subparalelas, suficientemente próximas umas das outras para
definir uma zona. A largura da zona depende da escala de observação em campo
ela varia de centímetros a metros, mas pode ser da ordem de quilômetros ou mais
quando estudamos falhas de grande porte, como a Falha de San Andreas (EUA).
Pode haver algumas inconsistências quanto ao uso do termo zona de falha,
particularmente em relação à parte central da falha, onde todas ou a maioria
das estruturas originais da rocha são obliteradas, ou quanto ao núcleo e às
zonas marginais de deformação associadas à falha. Essa situação, comum na
literatura relacionada à Geologia de Petróleo, pode causar alguma confusão e,
portanto, o uso do termo zona de falha requer uma especificação cuidadosa.
Duas falhas normais separadas que mergulham uma em direção
à outra criam um bloco rebaixado denominado graben (Fig. 8.5). As
falhas normais com mergulhos em direções opostas criam um bloco soerguido
denominado horst. As falhas maiores em regiões falhadas são denominadas falhas mestras (master faults) e estão associadas a falhas menores, que podem ser
sintéticas ou antitéticas. Uma falha antitética mergulha na direção da falha
mestra, enquanto uma falha sintética mergulha na mesma direção da falha mestra
(Fig. 8.5). Essas expressões são relativas e apenas fazem sentido quando as
falhas menores estão relacionadas a falhas maiores específicas.
8.1.2 Rejeito, escorregamento e separação
O vetor que conecta dois pontos que foram contíguos antes
do falhamento chama-se vetor de deslocamento
(rejeito) local ou direção de
rejeito líquido (Fig. 8.6). Idealmente, uma falha transcorrente tem um rejeito
horizontal, enquanto as falhas normal e reversa têm vetores de deslocamento na
direção do mergulho. Em geral, o rejeito total que observamos na maioria das
falhas é a soma de vários incrementos (terremotos), cada um com seu próprio
vetor de deslocamento ou de rejeito. Os rejeitos individuais podem ter direções
distintas. Há, portanto, uma diferença entre a deformação sensu stricto, que relaciona apenas os estados deformado e não
deformado, e a história da deformação. Podemos procurar em campo as evidências
do histórico dos rejeitos em feições como estrias múltiplas.
Uma série de vetores de deslocamento sobre a superfície de
deslocamento resulta em um campo de deslocamento ou campo de rejeito nessa
superfície. As estrias, os indicadores cinemáticos (Cap. 9) e o rejeito das
camadas fornecem ao geólogo de campo informações sobre a direção, o sentido e a
magnitude do rejeito. Muitas falhas apresentam desvios a partir dos rejeitos
puros no sentido do mergulho ou no sentido da direção, ou seja, apresentam
vetor de rejeito líquido oblíquo. Tais falhas são denominadas falhas de rejeito
oblíquo (Fig. 8.7). O grau de inclinação é indicado pelo pitch (ou rake), que é
o ângulo entre a direção da superfície de deslizamento e o vetor de rejeito
(estrias).
Se não soubermos qual é o verdadeiro vetor de deslocamento,
podemos ser enganados pelo rejeito aparente de uma seção arbitrária em um
maciço rochoso falhado, seja ela sísmica ou em afloramento (Fig. 8.6B). O
rejeito aparente observado em uma seção ou plano é denominado separação
(aparente). O rejeito horizontal é a separação das camadas vista em uma
exposição horizontal ou em um mapa (Fig. 8.6B), enquanto o rejeito de mergulho
é observado em uma seção vertical (Fig. 8.6C). Nesta, o rejeito de mergulho
pode ser decomposto em um rejeito vertical e em um horizontal. Note que esse
rejeito horizontal é diferente daquele mostrado na Fig. 8.6D. Esses dois rejeitos
registrados em uma seção vertical podem ser denominados rejeito horizontal
aparente (heave) e rejeito vertical
aparente (throw) (Fig. 8.6C). O
rejeito verdadeiro ou total de uma falha pode ser observado apenas na seção que
contenha o verdadeiro vetor de deslocamento (Fig. 8.6D).
Uma falha que afeta uma sequência de camadas irá separar,
nas três dimensões, cada superfície (interface estratigráfica), e dessa forma
surgirão duas linhas de corte de falha (Fig. 8.8). Se a falha não for vertical
e o vetor de deslocamento não for paralelo ao acamamento, o mapa da superfície
falhada irá mostrar um espaço aberto entre duas linhas de corte. A largura do
espaço aberto, que não apresentará contornos, está relacionada tanto ao
mergulho da falha como ao seu rejeito de mergulho. Além disso, a abertura
reflete o rejeito horizontal aparente visto na seção vertical através da falha
(Fig.8.8).
8.1.3 Separação estratigráfica
A perfuração através de uma falha pode resultar em uma
seção repetida ou em uma seção faltante no corte de falha (ponto onde a
perfuração intersecta a falha). Em perfurações verticais, o caso é simples:
falhas normais omitem camadas (Fig. 8.9A) e falhas reversas causam a repetição
de camadas ao longo da perfuração. Em perfurações inclinadas, onde a inclinação
do furo é menor que a do mergulho da falha, como na perfuração G, na Fig.
8.9B, a repetição estratigráfica pode ser vista em falhas normais. O termo geral
para a ausência ou a repetição de uma seção estratigráfica em poços perfurados
através de uma falha é separação estratigráfica. A separação estratigráfica é
uma medida do rejeito de falha obtida em perfurações de poços de petróleo, e
será igual ao componente vertical de rejeito de falha se as camadas forem
horizontais. A maioria das camadas falhadas não é horizontal, e o componente
vertical de rejeito deve ser calculado.
8.2 Anatomia de falha
As falhas registradas em perfis geológicos ou sÍsmicos
são, em geral, representadas por linhas simples de espessura constante. Em
detalhe, entretanto, as falhas raramente são superfícies simples ou zonas de
espessura constante. De fato, elas são, em sua maioria, estruturas complexas
formadas por uma quantidade praticamente imprevisível de elementos
estruturais. Como há variações tanto ao longo como entre as falhas, não é fácil
chegarmos a um modelo simples para descrever uma falha. Na maioria dos casos, é
útil fazer uma distinção entre o núcleo da falha (ou superfície de
deslizamento) e o volume ao seu redor, conhecido como zona de dano de falha,
onde as rochas apresentam deformação rúptil (Fig. 8.10).
O núcleo da falha pode variar de uma simples superfície de
deslizamento, com uma zona cataclástica de espessura milimétrica, a uma zona
com várias superfícies de deslizamento ou até zonas intensamente cisalhadas
com vários metros de espessura, onde apenas resquícios da rocha original estão
preservados. Em rochas cristalinas, o núcleo da falha pode ser constituído por
um material praticamente não coeso conhecido como gouge de falha, no qual argilominerais são formados a partir de
feldspatos e outros minerais primários. Em outras situações, o núcleo da falha
pode conter cataclasitos de alta dureza, particularmente em falhas formadas na
parte inferior da crosta superior rúptil. Vários tipos de brechas, coesas ou
não coesas, também são encontrados em núcleos de falhas. Em casos extremos, a
fricção faz com que as rochas cristalinas sejam localmente fundidas, criando
uma massa vítrea conhecida como pseudotaquilito.
Texto 2: Rochas formadas nas zonas de falha.
A movimentação dos blocos no
decorrer do falhamento pode provocar profundas alterações nos materiais
afetados, levando à formação de uma categoria específica de rochas, as rochas
cataclásticas, enquadradas no conjunto das rochas metamórficas (metamorfismo
dinâmico).
Estas rochas se formam por
evolução de um microfraturamento inicial. A coalescência das microfraturas
provoca uma partição da rocha em blocos angulosos de tamanho variável. Com o
adensamento da rede de fraturas, o tamanho dos blocos tende a diminuir. Esta
diminuição pode ser acompanhada de um arredondamento progressivo dos elementos,
induzido pela sua rotação em conseqüência da movimentação dos blocos de falha.
Este processo de trituração, totalmente frágil, chamado cominuição ou cataclazação,
leva à formação de rochas constituídas por uma matriz fina englobando
fragmentos da rocha inicial.
As rochas formadas nessas
condições podem ou não sofrer uma litificação, apresentando-se coesas ou não.
Em função da intensidade da deformação, tanto a proporção fragmentos/matriz
como o tamanho dos fragmentos varia.
No
caso de falhas sísmicas (falhas ligadas à terremotos, acompanhadas de uma
movimentação muito rápida), a energia liberada pelo atrito dos blocos pode ser
suficiente para provocar uma fusão parcial limitada nas rochas encaixantes ao
longo do plano de falha.
Brecha de Falha |
Cataclasito: frag de qz em matriz coesiva rica em epídoto |
O material líquido assim
formado, geralmente em volume pequeno, provoca um aumento de pressão que pode
gerar um fraturamento hidráulico das encaixantes. Esse material é injetado nas
fraturas assim formadas, onde ele resfria imediatamente, adquirindo uma textura
vítrea. Por conta da sua semelhança com os taquilitos (vidros vulcânicos), esta
rochas são chamadas pseudotaquilitos.
Pseudotaquilitos |
As rochas cataclásticas,
agrupadas na série cataclástica, podem ser classificadas de acordo com a sua coesão,
o tamanho dos seus clastos e a percentagem clastos/matriz. Esta classificação
dá uma ideia aproximada da intensidade da deformação.
Série Cataclástica |
Formação das Rochas Cataclásticas |
O esquema acima não é considerado correto, na atualidade. Milonitos não são exatamente rochas cataclásticas, ainda que tenham sido assim consideradas por Sibson. Os milonitos são subdivididos com base na proporção dos grãos originais, de tamanho grande, e da matriz recristalizada. Os milonitos são foliados e comumente apresentam lineações e abundantes evidências de processos de deformação plástica, em vez de deslizamento friccional e moagem de grãos. Os milonitos formam-se a profundidades e temperaturas maiores que os cataclasitos e as demais rochas de falha, e acima de 300 ºC para rochas ricas em quartzo.
Brecha de falha é
uma rocha inconsolidada com <30% de matriz. Se a razão matriz-fragmentos for
maior, a rocha é denominada gouge de falha. Um gouge de falha é uma
versão intensamente moída da rocha original, mas esse termo pode também ser
usado para camadas de argila ou folhelho intensamente modificadas em núcleos de
falhas em rochas sedimentares.
Essas
rochas não são consolidadas na parte superior da crosta rúptil. Elas formam
condutos para o fluxo de fluidos em rochas não porosas, mas contribuem para a
redução da permeabilidade em rochas porosas.
Pseudotaquilito é
uma rocha escura, densa, vítrea ou microcristalina. Ela se forma pela fusão
local das paredes da rocha pelo atrito do deslizamento. O pseudotaquilito pode
apresentar injeções de veios em suas laterais, bordas congeladas, fragmentos de
rochas encaixantes e estruturas vítreas. Essa rocha ocorre tipicamente em zonas
de espessura milimétrica a centimétrica que fazem contato brusco com a rocha
encaixante. Os pseudotaquilitos formam-se tipicamente na parte superior da
crosta, mas também podem formar-se em profundidades maiores, nas regiões
anidras da crosta inferior.
As
crush breccias são caracterizadas por fragmentos grandes. Elas têm menos de 10%
de matriz e são rochas coesas e duras. Os fragmentos são unidos por um cimento
(geralmente de quartzo ou calcita) e/ou por microfragmentos que foram moídos
durante o falhamento.
Cataclasitos são
diferentes das crush breccias pela sua menor razão fragmentos-matriz. A matriz
é formada por microfragmentos moídos, que constituem uma rocha maciça com
aspecto de sílex. É necessária uma certa temperatura para que a matriz assuma
um aspecto de sílex e, portanto, considera-se que a maioria dos cataclasitos
tenha se formado a 5 km de profundidade ou mais.
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