Uma dobra é o resultado da
transformação de uma superfície de referência, geralmente plana, numa
superfície curva, geralmente em conseqüência de esforços tectônicos.
Os elementos da dobra
Observando o perfil de uma
dobra, podemos notar que ele apresenta um ponto de maior curvatura (ou de menor
raio de curvatura): é a charneira.
Em certos casos, em vez de pontos de maior curvatura, a curvatura é máxima e
constante numa determinada porção do perfil. Neste caso, teremos uma zona de charneira.
Considerando o perfil de um plano
dobrado como uma onda, é possível definir o comprimento de onda e a amplitude
da dobra. Geralmente, a amplitude e o comprimento de ondas são definidos
apenas como milimétricos, centimétricos etc.
É possível mostrar
experimentalmente que o comprimento de onda das dobras é uma função, entre
outros parâmetros, da espessura das camadas, conforme a figura ao lado.
Quando todas as dobras de um pacote rochoso apresentam o
mesmo comprimento de onda, o dobramento é harmônico.
Caso contrário, é desarmônico .
Quando um conjunto dobrado
apresenta duas escalas (ou duas ordens) de dobramento, uma amplitude maior (1ª
ordem) e uma amplitude menor (2ª ordem) que redobra as camadas deformadas em
maior escala, a superfície tangente às dobras menores e que materializa as
dobras maiores é a envoltória.
No intervalo entre duas charneiras sucessívas, a curvatura da
dobra sofre uma inversão. O ponto de inversão é um ponto de inflexão e o ângulo entre as tangentes á dobra em dois
pontos de inflexão consecutiva é a abertura.
A linha que une, num perfil, os pontos
de inflexão dos flancos consecutivos é a linha
mediana. Os pontos mais elevados e mais baixos, na topografia, de uma
dobra são, respectivamente, a crista
e a calha (ou quilha). Eles podem ou
não corresponder às charneiras da dobra.
A
s dobras que admitem o bissetor da
abertura com o plano de simetria são simétricas.
Quando isto não é o caso, as dobras são assimétricas.
Em outras
palavras, na dobra simétrica o plano axial é essencialmente vertical e o ângulo de mergulho
dos dois flancos é igual; na dobra assimétrica o plano axial pode ser ou não
inclinado e o ângulo de mergulho dos dois flancos difere um do outro.
É possível caracterizar, em função do seu aspecto, as dobras assimétricas
como dobras S e dobras Z.
A assimetria global do pacote
dobrado é caracterizada pela vergência,
que é a direção para a qual as dobras se inclinam. No caso da figura à
direita, a vergência é para leste.
Dobras cuja superfície pode ser gerada pela translação
de uma reta são dobras cilíndricas.
Quando são geradas pela translação de uma curva, são curviplanares. Nos demais casos, as dobras são quaisquer. As dobras
cônicas possuem linha de charneira, mas
não possuem eixo de dobra e se dispõem como parte de um cone.
O conjunto das charneiras forma o eixo da dobra (quando, em vez de
charneira, a dobra apresenta uma zona de charneira, é possível definir uma zona
axial). A porção da dobra compreendida entre dois eixos sucessivos é o flanco da dobra. O conjunto de todos os
pontos de inflexão de um flanco é a linha
de inflexão. Os conjuntos das cristas e das calhas (ou quilhas) formam a linha de crista e a linha de calha (chamados às vezes de
crista e calha).
Considerando um empilhamento de
camadas dobradas, é possível definir, para cada uma, um eixo. O conjunto desses
eixos é a superfície axial (ou plano axial) da dobra (figura à esquerda).
Nem sempre esse plano é bissetor da abertura da dobra.
A superfície dobrada pode apresentar vários graus de
simetria. Quando ela admite dois planos de simetria, a dobra é ortorrômbica; quando admite apenas um
plano de simetria, é monoclínica;
quando não admite nenhum plano de simetria, ela é triclínica.
Resumo:
· Charneira: onde a
dobra atinge sua máxima curvatura.
· Linha de charneira:
união dos diversos pontos de charneira.
· Zona de charneira:
parte da dobra próxima à charneira.
· Crista: ponto mais
alto da dobra em relação a uma superfície horizontal (linha de crista: união
dos pontos de crista).
· Calha: ponto mais
baixo de uma dobra em relação a uma superfície horizontal.
· Eixo: linha geratriz
da dobra, quando movimentada paralelamente à linha de charneira, no espaço de
si mesma.
· Plano da dobra ou
superfície axial: a superfície que une os pontos de charneira da dobra.
· Ponto de inflexão:
local onde o flanco muda sua inflexão (de côncavo para convexo e viceversa).
· Linha de inflexão:
linha que une os pontos de inflexão.
· Flancos ou limbos:
partes que se situam entre duas charneiras adjacentes e que contêm os pontos de
inflexão.
Referências:
ALMEIDA, Júlio. Geologia Estrutural: Dobras. UERJ.
ARTHAUD, Michel H. Elementos de Geologia Estrutural.
Fortaleza, 1998.
Para acessar as imagens referentes ao conteúdo acima clique em Classificação das Dobras.
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