Curvas de nível conectam pontos
de igual altura sobre a superfície da Terra acima de um determinado nível de
referência, normalmente o "nível do mar". As curvas de nível são
frequentemente subparalelas umas às outras e a projeção da sua distância
horizontal (vertical) em um mapa é uma função do declive (gradiente) da
superfície.
Nos esquemas abaixo são mostrados
a secção transversal (isto é, um corte vertical) ao longo da linha A - B e um
gráfico que ilustra a inclinação da superfície de uma ilha.
Figura 1, representando uma ilha, à esquerda, a seção topográfica A-B e os graus de declividade. |
Direção e Mergulho
Usam-se direção e mergulho para
descrever a orientação de um plano. A direção é a intersecção desse plano com
um plano horizontal imaginário. Lembre-se - a interseção de dois planos é uma
linha.
O ângulo entre o plano horizontal
e de acamamento (medido em uma secção perpendicular à direção) é o mergulho.
O diagrama da esquerda, a seguir,
ilustra o plano do acamamento e seu mergulho (verdadeiro), α, que é de
40 graus no sentido S, e sua direção, que é de 90 graus, ou seja, EW.
O ângulo β é a diferença
entre a direção da camada e a direção da seção vertical. No lado direito do
diagrama, β é inferior a 90 graus e o ângulo de inclinação, quando
medido na secção oblíqua, é agora menor que o verdadeiro mergulho. Este ângulo α‘
é o mergulho aparente.
Figura 2 - Mergulho verdadeiro e mergulho aparente |
Introdução aos
Contornos Estruturais
Em Geociências contornos
estruturais - como o nome sugere - são curvas que ligam pontos de igual altura
acima de um nível dado, que estão contidos dentro de uma estrutura (camada,
discordância, dobra, falha...). Contornos estruturais e contornos
topográficos (curvas de nível) são semelhantes, no sentido de que eles são
curvas que unem pontos de igual altura acima de um nível de referência.
O diagrama de blocos abaixo ilustra os contornos estruturais
de uma superfície perfeitamente plana (azul). Note-se que os contornos
estruturais são: (i) as linhas retas, (ii) paralelas uma à outra e (iii)
igualmente espaçados. Estas três características são as características
fundamentais dos contornos estruturais de uma estrutura planar!
Figura 3 - Contorno estrutural de uma superfície plana (tabular) |
Estruturas geológicas nem sempre são planas. Uma família muito
comum de estruturas são as dobras.
Os contornos estruturais exibem
características que são muito diferentes em comparação com o diagrama de uma
camada planar. Você vai notar que os contornos estruturais são paralelos entre
si (embora esta seja uma exceção e não uma regra para as camadas
dobradas!), que é típico de dobras
cilíndricas sem caimento.
Outra característica dos
contornos estruturais é que (i) o seu espaçamento varia e (ii) as suas
altitudes variam progressivamente em ordem descendente a ascendente ou
vice-versa. Esta mudança sistemática para cima e para baixo nas elevações dos
contornos estruturais é a principal característica das camadas dobradas!
O diagrama a seguir mostra uma camada dobrada e seus contornos estruturais.
Figura 4 - Contorno estrutural de uma superfície dobrada |
Introdução ao Mapa Geológico
Depois de definir os contornos
topográfico e estrutural, podemos agora cruzar estes dois contornos de modo a
obter o mapa geológico. Voltemos à nossa ilha (Figura 1) para definirmos a
geologia na seção transversal (veja o diagrama na figura seguinte).
A ilha é composta por duas
formações (calcário e arenito), que estão mergulhando 40 graus em direção ao
oeste (a direção de camada é NS). Usando a construção mostrada logo abaixo (os
contornos estruturais estão marcados com linhas vermelhas), podemos obter o
mapa geológico.
Mergulho de camada e
representação em mapa
Quanto menor o mergulho da camada, maior sua espessura em
mapa. Veja a ilustração abaixo.
Mergulho Verdadeiro versus Mergulho Aparente
Observe na ilustração abaixo que o mergulho da camada muda conforme a seção geológica. Quando a seção é perpendicular à direção da camada, o mergulho é verdadeiro (maior valor); quando a seção é oblíqua à direção da camada, o mergulho é aparente e diminui quanto mais a seção se aproxima da direção da camada, de maneira que se iguala a 0º (zero grau) quando se estabelece o paralelismo entre a seção geológica e a direção da camada.
Relação entre a atitude
de camada e topografia: a Regra dos “V”.
A forma como uma camada aparece
em um mapa geológico pode variar, dependendo do modelado da superfície e da
forma e atitude da camada.
No caso de uma camada tabular e
de uma superfície plana, a camada aparecerá de forma também tabular, com
limites retos, variando, apenas, sua espessura de afloramento em função,
unicamente, da intensidade do seu mergulho.
No caso de uma superfície
irregular, podem-se ter as situações mais variadas possíveis.
Ao se imaginar o modelado de um
curso d’água atravessando uma planície, formar-se-á um vale com um gradiente de
inclinação para jusante do riacho. Variando-se a atitude de uma camada tabular
desde a verticalidade até a horizontalidade, a representação cartográfica desta
camada em relação às curvas de nível é denominada, comumente, de regra dos V e pode ter os seguintes
aspectos:
a) Para
camadas verticais os seus contatos (topo e base) serão, independentemente do
relevo, linhas retas que cortam as curvas de nível. A espessura de afloramento
será igual à espessura verdadeira da camada
.
b) Se
a camada é horizontal, seus contatos serão paralelos às curvas de nível. A
espessura de afloramento vai depender da espessura da camada, do gradiente do
curso d’água e das encostas do vale.
c) Se
a camada mergulha no sentido da montante do curso d’água, seus contatos
descreverão uma linha curva cuja convexidade apontará para o sentido do
mergulho da camada.
d) Se
a camada mergulha para jusante do riacho, podem-se ter duas situações:
– se a camada
possui ângulo de mergulho mais forte que o gradiente fluvial, seus contatos
descreverão uma linha curva cuja convexidade apontará no sentido do mergulho da
camada;
– se a camada
possui ângulo de mergulho mais suave que o gradiente do curso d’água, seus
contatos descreverão uma linha curva cuja convexidade apontará em sentido
contrário ao mergulho da camada.
Este material foi extraído de:
Fault Analysis Grooup – School of
Geological Sciences at University College of Dublin (http://www.fault-analysis-group.ucd.ie/)
MARANHÃO, Carlos Marcelo Lôbo.
Introdução à interpretação de mapas geológicos. Fortaleza : Editora da Universidade
Federal do Ceará, 1995.
MATTA, Milton. Geologia
Estrutural – Prática. Universidade Federal do Pará.
Nenhum comentário:
Postar um comentário